sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Capítulo 19: "A Confirmação"

Ele olha-me sério com a cara rodeada de suores frios, doía-me na alma vê-lo assim, magoava-me vê-lo naquele estado, tudo por minha causa, a minha intenção não era de todo magoá-lo a esse ponto mas sim pregar-lhe uma partida. Com as poucas forças que lhe restavam responde:

-Eu desculpo-te Qeu. – Soltou um gemido de dor. – Mas podes esquecer que existe um nós, estou farto de lutar para que exista e tu maltratas-me, deite-te a última oportunidade e tu deixas-me nesta cama de hospital. Vou ser o pai do nosso filho mas se alguma vez sentiste alguma coisa esquece. – Fizeste asneira Raquel, não podias ter feito nada pior, estragaste a única oportunidade que tinhas com ele, não queria magoá-lo nem física nem psicologicamente, apenas fui eu mesma, e não pensei que a minha infantilidade pudesse destruir o que ele sentia por mim. Beijei-lhe a testa e o médico deu-me ordens para me afastar, assim o fiz e ele seguiu com ele, agarrei-me á minha prima e comecei a chorar, não é de mim libertar aquelas emoções ao pé de ninguém mas é demasiada pressão sobre a minha cabeça. Engravidei, simplesmente engravidei por inconsciência, coloco na cama de hospital o homem que será o pai do meu filho, isto é se vier a nascer, homem ao qual destrui todas as probabilidades de estarmos juntos graças á minha infantilidade e pelo qual percebi que tarde demais que nutria um sentimento especial. Tenho medo de perder este filho como perdi o Rodrigo com 4 meses de gestação e tenho medo de não conseguir ser mãe, não tenho condições financeiras e emocionais para ser mãe e desisti da escola no 9ºano, para lutar por um sonho de puder desenhar no futuro, de puder criar moda pelas minhas próprias mãos. Sento-me sobre uma cadeira e a Rita vai chamar o Nicolás, fecho as mãos, coloco ambas as mãos sobre a minha cabeça e o Nico coloca-se á minha frente e pergunta:

-Que é que te deu na cabeça para fazeres isto ao Ezequiel? – Levantei a cabeça e enfrentei-o olhos nos olhos. -Se gostas de dor dá cabo de ti e não dês cabo dos outros. O Ezequiel vai ser operado e só Deus o que lhe reserva o futuro. – Levantei-me e aproximei-nos, não tinha medo dele, tudo o que me dizia era verdade mas eu não tinha que ouvir aquilo da boca dele, eu tinha consciência de tudo o que fiz. 

-Caso não te lembres estás á espera de um filho dele! O que é que vieste fazer aqui?! Causar problemas? Achas que ele já não sofreu o suficiente. – Deitei lágrimas envergonhadas dos meus olhos, magoava-me ouvir tudo aquilo. A Rita colocou a mão no seu ombro e disse:

-Tem calma amor, a Qeu já sabe que fez asneira. Não foi? – Olhou para mim fazendo aquela pergunta retórica, deixei o meu orgulho e vergonha de lado, mostrei o meu lado mais lutador, o meu lado mais mulher que nunca demonstrei ao Ezequiel e é tarde para demonstrar mas ia demonstrar ao Nico que tudo aquilo era verdade mas estou arrependida.

-É muito bom julgar os outros sem conhecer. – Lancei um sorriso irónico. – Não sabes o porquê de o ter magoado, de ter feito o que fiz, não tens o direito de me julgares só por seres um jogadorzito e por namorares com a minha prima não te dá o direito de mencionares seja o que for da minha vida. – Respirei mas não lhe dei tempo para que respondesse. – E não sabes se estou grávida do Ezequiel, sabes porquê? Porque nem eu sei! – Comecei a chorar impulsivamente, na verdade eu já tinha imaginado o futuro do meu filho com o Ezequiel, já tinha imaginado um futuro connosco, já tinha imaginado o nascimento dele, as primeiras ecografias, a escolha do nome que não seria fácil, a ecografia onde se saberia o sexo, até imaginei que fosse um menino e o nome escolhido fosse Francisco, por minha escolha e aceitação do pai. A Rita abraçou-me e o Nico ficou sem reação, chorei compulsivamente nos ombros da minha prima, ela nada me diz, deixa-me apenas chorar, o Nico abraça-nos pouco tempo depois e limpa-nos as lágrimas, isto porque tanto eu como a Rita estivemos a chorar nos braços uma da outra. Sentamo-nos no sofá que havia no quarto e eles dizem-me para contar o que se passou, não me sentia ainda 100% á vontade para falar sobre tudo o que foi a minha vida até agora mas talvez fosse a melhor maneira de libertar emoções:

-Eu sempre fui muito diferente das raparigas da minha idade, sempre gostei de fazer o que me estava na cabeça e me vinha na alma, posso dizer que desde sempre me consideraram infantil porque sempre cedi às minhas tentações. Com 15 anos fui divertir-me para uma discoteca e acabei por perder a virgindade com um rapaz que pouco ou nada conhecia, imaginem a minha cara quando acordo no dia seguinte com um rapaz que mal conhecia ao lado. – A Rita olhou-me sem reação, ela não sabia que foi assim que perdi a minha virgindade, pensava que a tinha perdido com um namorado duradouro. – Mas acabamos por começar a namorar, visto que também era a primeira vez dele apesar de ter 19 anos, a relação e o sentimento começa a crescer e já quando sentíamos que gostávamos um do outro até descubro que estou grávida, e digo-lhe e ele desaparece da minha vida. Foi como roubarem-me o mundo, estava grávida de 3 meses, já não podia fazer nada á criança mas mesmo que pudesse não o faria, mas sabem? Era reconfortante ter uma última opção e para mim estava fora de questão dá-lo para opção. Aos 4 meses acabo por perdê-lo, depois de descobrir que era um rapaz e de lhe dar o nome Rodrigo, a minha barriga já se notava e a dor de dizer a todos que perdi o meu filho tornava-se difícil a cada pessoa que o fazia, a dor não desaparecia. – O Nicolás estava boquiaberto, não sabia que tinha perdido um filho desta forma. – E quando conheci o Ezequiel senti logo alguma coisa, não sei explicar e quando lhe dei luta e ele não desistia fez crescer algo em mim, mas não aguentei tinha medo que ele dissesse que me amava e no fim me abandonasse, de ficar magoada novamente. Entendem? – Os dois acenaram positivamente com a cabeça. – E quando descobri da gravidez tive medo que ele me abandonasse como fez o outro. Eu já tentei mudar, deixar de ser infantil, tentei amá-lo sem barreiras, mas não consigo. Tenho medos, dúvidas, e para além disso, eu não acredito em casamentos e namoros duradouros, eu quero ter os meus filhos e nenhum homem a seguir-me e sei que o Ezequiel é o contrário, é um homem de família e eu sou simplesmente eu… Não quero nada mas quero tudo, quero realizar os meus sonhos, quero simplesmente ser eu e não quero amar ninguém, quero viver para sempre jovem sem medos e sei que com o amor tudo muda. – Levantei-me limpei as minhas lágrimas e sai de junto deles a correr. Disse tudo o que me vinha na alma, tudo o que escorria no meu coração, as palavras que nunca pensei dizer, apesar de só ter 18 anos já tenho uma história só minha para contar. Perguntei a um médico se poderia realizar uma consulta de urgência e ele mandou-me para as urgências ou então que marcasse uma consulta mas demoraria diverso tempo, eu agarrei-o pelo braço e expliquei:

-Oiça o homem que amo está neste momento a ser operado, e eu estou á espera de um filho dele… - Fiz uma pausa breve. – Quer dizer, eu penso que estou grávida, sinceramente não sei, fiz o teste de gravidez e deu-me positivo, mas a menstruação apareceu. Neste pensamento não sei o que pensar ou fazer, quero apenas ter a certeza. Por favor farei tudo se me ajudar desta vez. – O doutor respondeu:

-Não preciso de nada muito obrigada, já vi que é urgente, por favor acompanhe-me. – Começou a andar apressadamente e eu segui-o, entramos para o consultório e o primeiro doutor pediu que me sentasse, falou para o segundo:

-Henrique preciso de um favorzinho teu, se atenderes esta senhora e mais logo se estiveres de serviço, pago-te o jantar. Agora tenho que me ir embora que tenho uma operação para fazer. – Virou costas e foi-se embora, nem tive forma de agradecer mas pela sua conversa entendi que talvez fosse o senhor que ia operar o Ezequiel, não sei mas fiquei com a sensação que era, que pontaria Qeu!

-Então diga-me lá o que de tão urgente se passa. E claro o que posso fazer por si. – Sorri e com toda a delicadeza expliquei o que se passava:

-A minha menstruação estava atrasada 6 semanas e fiz o teste de gravidez, inclusive tive todos os sintomas típicos de gravidez, e acabou mesmo por dar positivo, mas a menstruação reapareceu apesar de o teste ter dado positivo. Já estive grávida há 2 anos mas perdi o bebé já com 4 meses de gestação. Será que me podia dizer se estou realmente grávida e se sim quais são as probabilidades do menino morrer no meu ventre devido ao meu historial e as circunstâncias em que esta gravidez está envolvida.  – O senhor olhou-me atentamente e depois de pensar durante um bocado respondeu:

-Posso recomendar-lhe fazer análises, ou então se preferir podemos fazer a primeira ecografia para nos certificarmos. Mas aconselho mesmo que marque uma consulta de ginecologia porque não consigo dar-lhe muita informação porque não tenho aqui o seu historial. E quanto a sua primeira gravidez e quanto a esta possível, em diversas gravidezes a menstruação aparece por vezes é natural noutras circunstâncias é caso para preocupação. O que prefere fazer? – Não aguentava esperar diversos dias para saber o resultado das análises, queria sabê-lo de momento e após pensar respondo:

-Senão se importar prefiro que me faça uma ecografia e descanse que quero pagar esta consulta. – O senhor levou-me até a uma maca que estava ao lado da máquina que realiza ecografias, levantei a camisola, e ele colocou o líquido sobre a minha barriga, a temperatura fria causou uma sensação estranha em mim, não sei se era um nervoso miudinho ou se era só por causa da temperatura. O doutor ligou a máquina e colocou a máquina sobre o líquido, vi a primeira imagem naquela máquina, era oficial eu estava grávida, fiquei sem reação, o meu futuro estava naquela imagem é como uma luz ao fundo do túnel na minha vida romântica com o Garay, não engravidei para ficar com ele, simplesmente aconteceu mas não sei o que pensar, estou grávida e o pai do menino está neste momento a ser operado por causa de um golpe que lhe dei.




Como será que correu a operação de Ezequiel?
Que opção terá Qeu em relação ao bebé? Será que ainda existe uma hipótese para esta história de amor?

7 comentários:

  1. Olá :D

    Ai, mas isto lá é forma de acabar! Ainda por cima no estado em que estou, Rita Maria devias ter cuidado agora estou aqui anciosissíma xD

    Só espero que a operação corra bem não quero que aconteça nada de grave com o Ezequiel e espero bem que ele possa ter mais filhinhos no futuro é que uma joelhada onde foi é lixado e perigoso...

    Quero tanto que ele e a Qeu fiquem juntinhos, ela bem que podia dar uma oportunidade e tentar a ver no que dava. Espero que a gravidez corra bem que quero ver o casal juntinho com o baby :p

    AMEI MUITÃO, LOUCAMENTE!!!! Quero o próximo bem rápido, o mais depressa possível ou os teus afilhados não aguentam :p

    Beijinhos
    Beatriz

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    1. Olá :)

      Que tem os meus modos de acabar Beatriz Maria? :$ Não és a única a estar ansiosa tonta, olha eu e os teus afilhados!
      Não digo se há ou não mais bebés, por enquanto contenta-te com este e até já sabes mais do que as outras leitoras :b Ela não tinha intenção de o magoar mas olha :c

      Quanto ao romance deles não sei, já viste que eles nunca se encontram, ela assumiu e ele não quer, está complicado.

      Não sei quando vou postar mas pronto vou tentar fazer porque as minhas leitoras lindas merecem!

      Beijinhos Rita :)

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  2. Amei <3
    Mais, mais, mais, por favor...
    Beijinhos :*

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    1. Obrigada :)
      Vou escrever o próximo capítulo quando poder já vi que ficaram curiosas xD
      Beijinhos Rita

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  3. fantastico...

    quero mais... tous uper curiosa para ver o proximo...

    continua...

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  4. tb já li esta toda e está tb brutal

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