quinta-feira, 21 de março de 2013

Capítulo 22 “Vais ter de lidar com as consequências das tuas atitudes”

Chegamos à porta de casa dele e eu encostei a minha cabeça ao seu ombro esquerdo, ele era alto e forte e eu ao seu lado era uma menina fraca e indefesa, eu sentia-me bem do seu lado. Mas será que isso significava que estava apaixonada? Duvido seriamente que assim seja, eu não sou rapariga de me apaixonar facilmente, ou sequer, suficiente para me apaixonar, e se isso acontecesse apenas me apaixonaria por atitudes, não por palavras e infelizmente o João só tem falado, de momento, não tem tido atitudes que provem que goste de mim, ou eu tenho tido atitudes que demonstrem que o sentimento é recíproco. Mas eu não queria que ele soubesse que me sentia bem ao seu lado, pelo menos queria continuar a estar ao lado dele e sentir-me bem, talvez também quisesse entender o que ele também sentia por mim. Cruzamos as mãos e ele abriu a porta de casa, e decidiu mostrar-me a casa onde vivia. Já tinha entrado em casa dele, já lá tinha dormido, jantamos e minha casa com a minha mãe e depois íamos ver um filme na sessão mais tardia do cinema, um filme de terror, mas quando lá chegamos os bilhetes estavam esgotados por isso decidimos alugar um filme e irmos ver a casa dele, resultado adormecemos no sofá. No dia seguinte, acordei ao lado dele, os seus braços ultrapassavam o meu corpo dando um abraço e eu sentia-me confortável, o seu queixo estava encostado á minha testa e as minhas mãos no seu peito, tinha adormecido, mas ele também e apenas teve tempo de me aconchegar a ele e cobrir os nossos corpos com uma manta, e adormecemos numa posição forte e acolhedora e suficiente para ambos.
Entramos para casa dele e ele fez questão de me apresentar todas as divisões da casa, sendo que a primeira divisão que me apresentou foi a única que já conhecia, a sala. Depois apresentou-me os quartos e as casas de banho e por último a cozinha. Mas esta foi digna de uma apresentação especial, estava especialmente decorada, com um clima romântico só para nós dois, afinal ele tinha preparado uma surpresa:


Assim que vi aquela mesa preparada abracei-o e dei-lhe dois beijos mesmo no canto dos lábios, ele abraçou-me e colocou os braços sobre o fundo das minhas costas, elevou-me no ar, ficando a 20 centímetros do chão. Ele era forte o suficiente para me segurar, para me proteger e manter no ar durante o tempo que quisesse, e eu fui fraca, deixei-me levar pelo seu perfume. Deixei-me levar por ele, tinha necessidade de o ter junto de mim, não sei se era o meu coração a exigir ou qualquer outra faceta de mim a falar, talvez o meu lado de mulher de sentir um homem perto de mim, a beijar-me a amar-me, como gostava que fosse com o Ezequiel… Mas não quero que o João, seja o “suplente” do Ezequiel, não quero que seja a segunda opção, eu quero que o João seja o presente, e o futuro, e o Ezequiel foi o passado mas que está presente no meu presente e no meu futuro, como é possível ter engravidado? Eu não queria, ele não quer e sinceramente não sei se quero, a questão certa não é essa. Mas sim se consigo ser uma boa mãe para o meu filho, não sei se o consigo amar mesmo durante a minha barriga, eu amei e dei tudo ao meu filho e foi-lhe roubada a vida. E esta magoa ainda afeta a minha vida, a minha existência, a minha maneira de ser. Será que conseguiria dar-lhe tudo o que precisava? Tudo o que necessitava? Será que o mimaria ou não o amava o suficiente? Será que não conseguia dar-lhe tudo o que merecia? Não falo de amor, falo de bem-essenciais, tenho 18 anos, não acabei o secundário, aliás mal o comecei, acabei o 9ºano e neste momento não conseguiria arranjar emprego mesmo se tentasse. Vivo com a minha mãe, isto porque o meu pai nos abandonou tinha 2 anos e morreu quando tinha 3, a minha mãe vive sozinha comigo e farta-se de trabalhar, não tinha condições para sustentar mais uma pessoa, quanto mais um bebé.
Da parte da minha mãe, tenho a minha avó que vive com a reforma e os meus tios, pais dos meus primos, não são ricos e não queria submete-los a uma despesa tão larga. Poderia sempre contar com o Ezequiel, mas ele odeia-me, se pudesse dava tudo para não me ver á frente, a única coisa que quer de mim é o meu filho, o nosso filho, a única coisa boa que fiz em toda a minha vida, de resto é tudo porcaria… O meu pai abandonou-me ainda em bebé, a minha mãe não pode cuidar do meu filho, a minha família paterna vive toda nos Açores e nunca me visitaram, sempre fui eu a visitá-los, e nunca perguntaram se precisava deles. Neste momento o João era o meu pilar.
E tudo o que envolvia o João cativava-me, enquanto jogador, pessoa, homem, amigo e amigo colorido. Enquanto quiçá, meu futuro namorado e enquanto padrasto do meu filho, porque não tenciono roubar o lugar de pai do Ezequiel, foi ele que o fez e já disse que assumia a responsabilidade, será o pai do menino e irá educa-lo, mimá-lo e respeitá-lo, independentemente de me odiar ou de amar.
O João pousou-me no chão mas as suas mãos mantiveram-se no fundo das minhas costas, as minhas foram para a parte de trás do seu pescoço, e fixei os meus olhos nos seus, a luz da cozinha estava acesa e era forte e encadeava sobre nós. Era apenas eu e ele (e a pequena “semente” que o Ezequiel pôs no meu ventre). Olhei por meros segundos para os seus lábios que me davam vontade de os beijar, mas não podia, não iria fazer-lhe aquilo, mas eu queria tanto! Será que era pecado beijá-lo? Se fosse então eu queria cometê-lo diversas vezes ao dia, todos os dias, de sempre para sempre! Queria puder estar com ele, por um lado poder chamá-lo orgulhosamente de meu namorado por outro lado não queria nada, queria poder ter alguém com quem contar nos meses que se seguem que se preveem tão complicados e difíceis na minha vida. Ele fechou os olhos e eu também, decidi aproximar-me dele e senti que a sua cara se aproximava da minha, afastei as mãos do seu pescoço e coloquei nos ombros, eu também queria beijá-lo mas os medos apoderavam-se de mim, mas não era razão para não me deixar levar. Eu espera aquele beijo há demasiado tempo desta vez nada nos iria impedir, nem telefones, nem músicas, nem ondas do mar, nem arrependimentos, esperávamos aquilo há demasiado tempo, eu não queria que nada nos interrompesse. Os lábios deles estavam cada vez mais próximos dos meus e eu fechei os meus na esperança que apenas o João mos fizesse abrir, mas quando estamos a poucos centímetros ele abre os lábios e sinto a sua respiração sobre os meus, era uma respiração quente e calma. Estávamos tão próximos que eu juro que era só encostar os nossos lábios mas algo nos interrompeu. Era a campainha a tocar e eu juro que gritei mentalmente, porque é que nos queriam tanto separar? Abrimos os olhos e trocamos olhares, trinquei o lábio inferior, era um “tique” nervoso e ansioso que possuía e ele colocou a mão sobre os meus lábios e eu entreabriu-os, ele fechou os olhos e sussurrou enquanto eu olhava para os seus lábios que cada vez pareciam mais irresistíveis:

-Desta vez nada nos vai separar! – Dito isto encostou os seus lábios aos meus num beijo há muito desejado. Deixei-me levar pelos seus lábios, pela sua atitude, pelo momento, talvez fosse porque durante segundos deixei de pensar nas razões aparentes e lógicas da minha cabeça para me concentrar no meu coração. Concentrei-me no João e no que sentia por ele. Retribui totalmente o beijo, unidas como uma só movimentavam-se quase ao sabor do vento e da emoção, do momento e do sentimento. Será que me estava a apaixonar… Mas eu não podia! Não podia apaixonar-me, não queria apaixonar-me, mas não se escolhe amar, mas escolhe esquecer-se. Provei até que enfim os doces lábios do João a tocar nos meus, milhões de emoções turbilhavam no meu coração e cabeça, pela primeira vez eu estava confusa mas apaixonada, talvez esta fosse a palavra certa, senti um aperto no coração, e uma felicidade enorme a nascer em mim, eu estava feliz ao seu lado e não pensava em mais nada, apenas naquele beijo e nele… No meu João!
Ele era meigo com os lábios, era doce, calmo e apaixonante, posso dizer que tinham um sabor de rebuçado que me dava vontade de trincar e beijar e nunca me fartar deles! Aquele sabor de rebuçado de morango deixou de ser um beijo calmo para passar a ser um beijo cheio de desejo, porque ânsia era o que o nosso primeiro beijo pedia, desta vez nada nos iria separar. Desta vez era de vez!
Só terminamos o beijo quando o ar já nos escasseava porque a vontade de acabar era pouca, muito pouca de ambas as partes. Ele levantou a cabeça e eu encostei a minha cabeça ao seu peito e ele pousou a sua sobre a minha e beijou-me. Um silêncio apoderou-se daquele “nós”, mas era um silêncio bom. Não era constrangedor, porque não nos envergonhávamos de nada, mas era um silêncio de quem apenas queria desfrutar o momento e deixar-se levar pelas emoções. O seu coração batia descompensado como o meu, eu queria repetir aquele beijo até mais não puder mas por enquanto quero apenas ficar nos braços dele e sentir-me segura como nunca estive. Dei-lhe um beijo sobre a camisa e ele deu-me um beijo na cabeça. Sorri, sentia-me nas nuvens, talvez não estivesse apaixonada mas sentia algo por ele. Ficamos assim durante minutos, as minhas mãos agarravam no seu casaco e as suas estavam pousadas nas minhas ancas, não sei ao certo quando tempo foi, mas fiquei com a sensação que era minutos. A sua respiração deixou de ficar tão descontrolada como estava depois daquele beijo, acalmou e eu estava mais calma mas batia ao ritmo do seu. Talvez começasse a sentir algo por ele, algo mais que a amizade, mas ainda não era amor. Sussurrei, bem baixo, e senti que não foi o suficiente para ele me ouvir:

-Se tu soubesses não querias estar comigo… - Referi-me ao meu filho. Eu estava grávida e não lhe contava por diversas razões. Tinha medo que ele terminasse comigo a relação com o medo da responsabilidade de eu ser mãe, por vergonha de namorar com uma pessoa que estava grávida de outro. Por não gostar de mim. E para quê arriscar em dizer-lhe se posso perder o filho até ao 3º mês de gestação como perdi o Rodrigo?

-Disseste alguma coisa linda? – Perguntou ele. E eu aproximei-me ainda mais dele, abracei-o e deixei-me ficar encostada a ele. A sua voz parecia rouca, talvez fosse por ser uma voz de homem, uma voz grossa. E eu sentia-me bem com isso, precisava de atitudes de homem, da voz de um homem, do toque e da segurança de um homem que apenas um amor me pudesse dar e o meu filho precisava de um pai. Que eu não lhe podia dar, mas também não queria dar a responsabilidade ao João. Neste momento sentia-me bem ao lado do João e iria ficar com ele, apenas com ele, no que dependesse de mim ficaria durante muito tempo agarrada ao João.

-Que a sobremesa chegou antes do jantar. – Acabou de dizer aquilo e a minha barriga roncou, realmente a fome começava a afetar-me mas não pensei que a barriga “fala-se”. Ele olhou-me e eu corei. – Eu avisei gordo.

Deu-me a mão e levou-me até à mesa. Afastou a cadeira para me sentar e eu assim fiz, ele serviu a comida. Sentou-se á mesa e eu sentei-me também, não sei se era apenas a vontade de comer, ou do João que me pegou a fome, mas comi bastante. Talvez mais que ele e tirava qualquer lado romântico que aquele jantar tivesse. Ele apenas se ria dos “bigodes” que ficava por causa do sumo (ele quis servir-me uma bebida alcoólica mas eu recusei, em primeiro lugar não me apetecia em segundo tinha medo que fizesse mal a mim e ao bebé). Divertimo-nos a falar e a comer, contávamos piadas, brincávamos e provocávamo-nos mutuamente, riamo-nos muito, mas não abordamos o beijo que demos antes do jantar. Talvez fosse melhor não falar sobre ele, não era nenhum erro, eu realmente tinha sentindo-me bem com ele, mas tinha medo de me apaixonar e no estado em que estou, não quero envolve-lo num problema que não é seu.
Acabamos de jantar e depois eu fui lavar a loiça, tínhamos apostado que quem comesse mais assim o fazia, coloquei-me em frente ao lava-loiça e ia começar a lavar mas ele aparece-me por trás e coloca as mãos sobre a minha barriga e distribuindo beijinhos entre as minhas bochechas, o meu pescoço e a minha cabeça e isso desconcentrava-me. Virei-me para ele que rapidamente me pegou ao colo e me sentou na banca que embora estivesse molhada ele não se importou. Fiquei de pernas abertas de frente para ele e ele olhou para mim e sorriu. Eu corei, e ele aproximou-se de mim e beijou-me, um beijo fugaz e de cortar a respiração. Agarrou em mim e levou-me até à mesa onde jantamos, a loiça foi empurrada para o chão, onde bateu e estilhaçou-se. O pano da mesa ficou apenas sobre a mesa, fora nós os dois entre amaços e beijos. A minha saia subiu aos poucos e enquanto eu estava deitada em cima da mesa, ele aproximava-se de mim, por um lado não queria fazer mas por outro lado não lhe conseguia resistir. Eu não queria saber da loiça estilhaçada no chão, não queria saber do certo ou errado, eu queria saber de mim e dele a fazermos uma fusão (este eram os termos corretos). Tirei-lhe a camisola e pude pela primeira vez vislumbrar-me com os seus abdominais, pude completar cada traço do seu corpo, mas durante pouco tempo porque me entreti novamente com os seus lábios naquela troca de beijos doces mas nada inocentes. Ele despiu-me a camisola e aquela troca de carinhos prosseguiu, sem dar conta já estávamos ambos sem roupa no corpo, estávamos apenas em roupa interior e as mãos dele exploravam as minhas ancas e as minhas costas, tentando alcançar o soutien mas eu impedi-o, afastei a sua mão do meu corpo e sai debaixo dele. Não, aquilo não era o correto, não devia ser feito, não podia. Eu nem namorava com ele, eu não gostava assim tanto dele, era dar um passo maior que a perna e não precisava de cair mais uma vez para aprender uma lição. Encostei-me á bancada da cozinha e ele sentou-se numa das cadeiras daquela mesa. Estávamos apenas em roupa interior mas olhávamo-nos, eu tentava ao máximo endireitar a minha roupa interior e o meu cabelo, tentava mais uma vez parecer normal, e ele pousou os cotovelos sobre as pernas e as mãos sobre as mesmas. Estava ofegante devido ao momento que vivemos, devido aos beijos e algo mais por isso decidi beber um copo de água. Tirei o copo do armário e bebi água, depois perguntei ao João que ainda não tinha mudado de posição:

-Queres água Johnny? – Talvez estivesse ofegante como eu, mas aquela falta de palavras estava a assustar-me e sinceramente se ele me voltasse a beijar não sei se resistia ao “segundo round” por isso rezei a todos os santinhos para que ele não me olhasse senão era eu mesma que o beijava e não sei até onde ia. Ele acenou positivamente a cabeça e eu tirei-lhe o copo e deixei-o em cima da mesa. – Aqui o tens.

-Obrigado. – Disse friamente.

-Escusas de ficar assim, a culpa não é tua. – Disse enquanto vestia a minha camisola e apertava os botões. – Eu é que não quero. E mais tarde digo-te o porquê.

-Explica-me o porquê de tanto mistério. – Levantou-se e fez-se dar uns passos atrás e encostar-me á bancada. – Explica-me o porquê de não quereres começar uma relação comigo. Explica-me por favor porque é que estávamos quase a fazer amor e tu de repente afastaste de mim e deixas-me assim! – Olhou-me e eu fiquei sem reação. Mas foi apenas durante breves segundos, não ia deixar que ele me deixasse sem resposta, Raquel, Qeu não iria ficar sem resposta por razão alguma.

-Eu estou a tentar salvar-te de uma vergonha maior, de uma responsabilidade gigante. Estou a tentar proteger-te! Foi uma coisa que aconteceu do dia para a noite mas vai ter influência no resto da minha vida, da nossa vida! – Tinha sido franca e direta com ele, mais não poderia ser. Não queria dizer-lhe que estava á espera de um filho que não era seu e se dependesse dele estaria a namorar uma mulher grávida. – Eu talvez goste de ti, eu não sei, os meus sentimentos nunca são claros na minha cabeça! Se me tivesses pedido para namorarmos eu aceitaria mas pedir-te-ia para irmos com calma. E o que acabamos de fazer ia estragar tudo. Com os 2 únicos homens que me envolvi assim correu mal, um abandonou-me o outro não me quer ver pintada nem de ouro! Agora se faz favor veste-te que eu vou fazer o mesmo. – Apanhei a roupa do chão dele que estava no chão e atirei-a com ela. Também agarrei na minha e comecei a vestir-me, não queria continuar assim, até porque tinha medo que ele olhasse para a minha barriga e reparasse embora na minúscula barriguita de grávida mas que entendesse que algo não estava bem. Ele também começou a vestir-se. – Limpamos a porcaria que fizemos e depois levas-me a casa e amanhã com mais calma falamos disto.

-Eu levo-te a casa e deixa estar que eu quando voltar limpo. Mas pensa bem no que queres fazer.

-Prometo que penso descansa!

Fomos até ao carro e ele levou-me até casa. Conduziu depressa, e o silêncio apoderava aquele carro, nem o rádio estava ligado, talvez fosse o sentimento de raiva não sei… Estacionou o carro e eu dei a volta ao carro para me despedir dele, coloquei a cabeça dentro do carro e ele deu-me um beijinho na bochecha mas eu dei-lhe um beijo nos lábios só para matar a curiosidade e a saudade. Ele seguiu até casa e estava na hora de falar com a minha mãe, não sabia o que esperar, mas algo era certo, coisa boa não era!
Como diria à minha mãe que vai ser avó, sendo ela mãe solteira e tendo apenas 18 anos. E para além disso, estava separada do pai do meu filho e quase me envolvia com outro homem hoje?! Além disso já perdi um filho no meu ventre, o que significava que era a minha 2ª gravidez num espaço de 3 anos! Abri a porta de casa e a minha mãe esperava-me sentada no sofá tranquilamente a ver televisão… Tinha medo da conversa mas iria ser frontal.

-Raquel precisamos de falar. – Disse a minha mãe. Quando ela me chamava de Raquel era porque o assunto era sério, demasiado sério.

-Queres falar sobre a ecografia que encontrei em cima da cama. – Sentei-me ao lado dela no sofá e pus a minha mão sobre a barriga.

-Queres saber se estou grávida? Sim, estou mas ainda é muito recente.

-Explica-me porque é que não tiveste cuidado, porque é que não te precaveste? – Interrogou-me elevando o tom de voz. E levantando-se do sofá e olhando-me. – Diz-me que ao menos sabes quem é o pai e que ele sabe. Diz-me que é o João, por favor. Não te chegou o susto com o Rodrigo? Achas que tenho condições para ter um neto?
Levantei-me do sofá e enfrentei-a, estava na altura de também lhe responder dignamente:

-Achas mesmo que eu quis engravidar? Achas que pensei e desejei um filho com 18 anos de vida? Claro que sei quem é o pai do meu filho, não sou dessas que leva qualquer um para a cama e fica sabendo que só levei dois e dos dois engravidei e são meus ex-namorados. O pai do menino sabe e aceitou, vai fazer tudo por ele, apesar de já não estarmos juntos. Chama-se Ezequiel, para o caso de quereres saber. O João não é chamado para a história, aliás ele não sabe nem pode saber deste bebé! E vê lá se te preocupas em pelo menos saber de quanto tempo estou grávida? Estou de 6 semanas mas obrigado pela preocupação! Descansa que eu e ele estamos bem. E ainda posso fazer muita coisa por causa desta gravidez. Não vou é tomar uma decisão precipitada, tenho de pensar em conjunto com o pai do menino.

-Ao menos não foi como a peça do pai do Rodrigo que te deixou, este foi homenzinho para o fazer, vai ser homenzinho para o ter e criar. E quando pensavas dizer-me que estás grávida? Ao menos posso conhecer o pai do meu neto? Como é que tiveste coragem de estar com o João estando grávida de outro homem? Esperas o quê que ele descubra que estás grávida quando se começar a notar a barriga?

-Não, e vê lá se acalmas os pirolitos com um bombardeio de perguntas! Uma coisa de cada vez e vê se falas baixo que eu estou grávida, não estou surda! Eu ia dizer-te que estava grávida simplesmente ia esperar pelos 3 meses porque até lá posso muito bem perder o piolho, o teu neto. Não sei se o pai do meu filho te quer conhecer, aliás ele mal me quer ver á frente quando mais quem me deu vida. Eu estive com o João sim mas não foi como estás para aí a pensar, ele quis estar comigo e eu aceitei. Não estava com ele há muito. E que tem queres ver que só porque estou grávida tenho que ficar trancada em casa sem socializar? Ele vai descobrir que estou grávida porque eu quero dizer-lhe, mas quero chegar aos 3 meses.

-Mentaliza-te que neste momento tu já és mãe. Estando ele cá fora ou lá dentro. E já te puseste no lugar dele, gostavas de namorar com uma pessoa e só descobres tarde demais que ela está á espera de um filho… De outro?! Ainda podes decidir o que vais fazer filha mas eu conheço-te, sei perfeitamente no que depender de ti terás este filho. Mas tens de ver os prós e os contras.

-Eu ainda não pensei em nada, mãe, soube há muito pouco tempo que estou grávida. Ainda não digeri nada. Neste momento só sei que estou grávida e aquela ecografia prova isso mesmo. Eu ouvi o batimento cardíaco dele mãe! Sabes o quanto isso é mágico? Achas que esperava ouvir isto tão pouco tempo do Rodrigo? Eu só me envolvi com ele duas vezes, achas que pensava que engravidava? Mas entendo a tua preocupação mas neste momento não tens de te importar nem com o João, nem com o Ezequiel, mas sim com a tua filha e com o teu neto.

-Vais viver com a família do teu pai nos Açores. Não tenho condições para cuidar deste neto, a minha família também não tem. Eles lá dão-te tudo o que precisares. E não há volta a dar Qeu, vais ter de lidar com as consequências das tuas atitudes.


Que resposta dará Raquel? Será que vai viver longe de todos?
Que acontecerá á relação com João? Como reagirá Ezequiel? 

terça-feira, 5 de março de 2013

"Capítulo 21 O que me estás a esconder?"

Olá meninas :) 
Desculpem a demora na publicação deste capítulo, mas aconteceu uma série de imprevistos, planos e contra-planos que me impediram de publicar mais cedo.
Mas como "recompensa" têm aqui um capítulo extenso e com emoções (e muitas!) á flor da pele! 
Espero que gostem e deixem os vossos comentários ou reações. 
Para quem quiser estar mais próximo das autoras e das personagens basta aderir ao grupo no facebook:
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Prometo que não demorarei tanto tempo a publicar o próximo... Beijinhos Rita e Qeu :)

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Todos aqueles sentimentos já me estavam a causar uma ânsia estranha e nunca se deixa uma grávida num estado destes. As lágrimas começaram a escorrer-lhe pela cara, estava feliz, radiante, as lágrimas deram-me um resto de esperança que me faltava em relação aos meus medos e receios por causa do bebé. O Ezequiel sabia da história do Rodrigo e por isso dar-me-ia todo o apoio, pelo menos pensava eu. Mas de repente as suas expressões mudaram e deu-me a fotografia, limpou as lágrimas que lhe haviam escorrido pela face e disse:

-Eu sou o pai deste bebé? – Acenei com a cabeça confirmando as suas suspeitas. – Então vou assumi-lo porque não o fizeste sozinha, e se ele aqui está não é só por culpa tua. O erro também foi meu.

-Tu estás a chamar erro ao meu filho? Eu não te admito ouviste?! – Levantei a mão e depois é que entendi que iria mais uma vez cometer um grande erro. – Desculpa. Não era isto que queria fazer.

-Vê lá se controlas os teus impulsos, não estou para aturar infantilidades. – Não podias ter dito pior, pensei para mim mesma. Aguentei as lágrimas que queriam escorrer pela minha face e respondi:

-Infantil eu? Deves-te achar muito homem tu! – Bem, ele era um bom pedaço de mau caminho que me fez o “especial favor” de me engravidar mas isso não simbolizava nada, antes pelo contrário, queria apenas dizer que estava estaríamos unidos para o resto da vida.

-Não te vou responder porque enquanto tu me agrides e não assumes o que sentes eu sou homenzinho o suficiente para assumir o erro que fiz.

-Queres que te diga o quê? Que estou grávida e tenciono namorar e casar contigo? Estás enganado. O que nos une é apenas este filho, nada mais.

-Cresce e aparece. – Sentou-se na cama e olhou-me com um olhar furioso. – E tu achas mesmo que tenciono namorar e casar contigo?

-Tu achas mesmo piada ao facto de me chamares criança não achas? Pois eu não acho porque esta criança tem um bebé teu na barriga.

-Tenho esperança que deixes de ser tão criança depois do meu filho nascer ou mesmo estando ainda grávida. Mas quanto a nós esquece é quase impossível existir algo entre nós.

-Não poderia existir nada entre nós quando não sentimos nada um pelo outro. – Não era bem aquilo que sentia mas não ia assumir o que sentia com a certeza que ele não sentia o mesmo e quero dar toda a atenção ao meu filho, ele sim é o meu tudo. – E quanto ao nosso filho?

-Vou acreditar na tua palavra até ao nascimento, vou acreditar que é meu filho. E tenciono ir a todas as ecografias, escolher o nome, dar o dinheiro que for necessário, educa-lo, mimá-lo e acima de tudo amá-lo porque embora eu e a mãe não estejamos juntos eu vivo para ele. Mas quando o bebé nascer quero um teste de paternidade.

Sai daquele quarto a correr, não admiti-a a homem algum que duvidasse do que lhe dizia, não admitia e embora estivesse grávida as hormonas da gravidez não me afetavam. Porque é que fiquei grávida de dois homens assim? Que nem merecem ser chamados de homens, um abandona-me quando sabe que vai ser pai e deixa-me sozinho e não me apoia quando o perdi no meu ventre, fiquei sozinha, sem o meu filho e sem o meu namorado. E do Ezequiel, tentei resistir-lhe mas deixei-me levar, por esquecimento ou irresponsabilidade não nos precavemos e bastou apenas duas vezes para modificar o resto da minha vida. Se perdesse este bebé eu não sei como me sentiria, mas seria mais forte que tudo isso e não desistiria até realizar o meu sonho de ser mãe.
Corri pelo corredor e apenas ouvi chamarem o meu nome e era alguém próximo porque não gritavam Raquel mas sim Qeu, o que me fazia pensar que era ou a Rita ou o Nico. Fui até ao parque de estacionamento a correr, não queria ouvir nem falar com ninguém. Aproximei-me do carro e abri-o, entrei e tranquei-o. Pus o pé no acelerador, e segui viagem até casa. Embora ainda não tivesse carta de condução já me sentia confiante o suficiente para pôr o pé no acelerador, nem me lembrei do meu filho. Fiz a viagem a ouvir a música do meu telemóvel, mas não porque a tivesse colocado mas sim porque o telemóvel não parava de tocar, ora era a minha prima, ora o Nico ou mesmo a minha mãe.
Estacionei o carro e só aí vi as chamadas não atendidas, eram 15 e das mais variadas pessoas, ou a minha prima Rita (de quem tinha 5 chamadas), do Nico (de quem tinha 4 chamadas), da minha mãe (de quem tinha 4 chamadas) e de duas de um outro número que não o conhecia, ou pelo menos não estava identificado no meu telemóvel. Como não queria ouvir ninguém a reclamar comigo acabei por telefonar para este último. Não demorou até que a chamada fosse atendida:

-Sim? – Perguntei eu.

-Posso falar com a Qeu? - Para conhecer a minha alcunha era porque era alguém próximo de mim, muito próximo, mas para eu não ter o número do telemóvel era porque não era assim tão próximo.

-Sou eu… Mas espera aí quem és tu para me chamares Qeu? – Gostava de falar com desconhecidos mas só cara a cara, nesta condição não gostava por isso perguntei.

-É o João tosca! Não acredito que apagaste o meu número e te esqueceste de mim.

-Cancelo! Achas que me esqueci de ti? É impossível! Ainda por cima chato como és! – Conhecia-o tão bem, mas desde a história com o Ezequiel que não voltei a falar com ele talvez porque eu estive quase a namorar com ele mas apareceu o pai do meu filho e perdi contacto com ele, não foi por crer nem por causa deste último, simplesmente houve outras circunstâncias que nos fizeram separar, como por exemplo a morte da mãe dele. Nunca fui boa a lidar com mortes, com funerais e enterros, e estando grávida não queria transmitir essa energia ao meu filho, embora ainda tenha medo de o perder vou estimá-lo. Embora ele não sabia da história do meu filho Rodrigo sabe que desde a morte do meu avô era uma situação que me abalava e muito.

-De certeza que esqueceste, nunca mais disseste nada! Sou um chato que tu adoras oh tonta! Como estás? – Grávida respondi mentalmente, não era bem um estado de espirito mas era assim que me sentia mas não queria dizer-lhe. Nós eramos amigos e havia uma cumplicidade que demonstrava mais que a amizade mas não queria traumatiza-lo, estávamos numa altura carente e não queria misturar sentimentos. Mentalizei-me que não é por causa do Ezequiel, porque desse homem eu sei que não sinto nada, foi só a atração a falar, mas do João, talvez eu sinta um pouco mais do que uma atração e uma amizade, mas não posso dizer que seja amor. Porque esse não o sinto, talvez seja só a carência de afetos e as hormonas da gravidez que me afetem, e eu não posso deixar que isso me afete.

-Estou cheia de saudades tuas tosco! Estou com fome… E tu? – Sorri. – Não disse porque se puseram uma série de coisas pelo caminho.

-Estás livre ou estás ocupada agora? Senão vamos lanchar e depois vamos passear se quiseres, podes não crer aturar o chato. – Sorri.

-Está combinado! Temos tanto que falar…

-E que matar saudades… - Disse provocando-me, sabia exatamente até onde ele queria ir, nunca nos tínhamos beijado mas tínhamos tido momento realmente “calientes”, entre abraços, carinhos e um “clima” severamente romântico, mas nunca houve realmente um beijo, apesar de oportunidades não nos ter faltado:

(Recordação)

Estava sentada ao lado do João, estávamos numa praia, mais propriamente numa duna próxima do mar, o ruído de fundo era as ondas do mar a deslizar pela areia ou a bater fortemente umas contra as outras. A espuma deslizava pela areia mudando de areia seca para areia molhada. Trocávamos olhares de vez em quando mas na maior parte do tempo olhávamos para o mar, não sabíamos o que dizer. Estávamos sozinhos na praia e isso deixava-nos ainda mais… Tensos.

-Qeu. – Olhei para ele e sorriu. Trocamos mais um olhar, um das centenas que cruzamos nesse dia. – Vamos mergulhar?

-E roupa para isso João Pedro? A água parece que está fria… - Podia não ter roupa mas para mim isso nunca foi barreira, não queria era que ele ficasse doente por minha causa.

-Anda lá não sejas assim minha princesa Qeu.

-Está bem. Mas vamos assim com roupa? – Olhei-o e sorriu.

-Sim, mas vou levantar-te como a uma princesa. – Pegou-me ao colo e fomos para a água. Estava… Fria, mas nada que me impedisse de mergulhar e de me divertir com ele. 


Depois de alguns mergulhos e de algum divertimento, começou a anoitecer e o frio começou a sentir-se… Levantamos a cabeça e estávamos próximos, bastante próximos, coloquei a minha mão no seu peito e ele colocou a mão sobre as minhas ancas. O momento estava realmente apaixonante, estávamos a milímetros um do outro, sentia a respiração nos meus lábios, o seu coração batia fortemente e rapidamente, como o meu. Ele começou a fechar os olhos e encurtava o pouco espaço que ainda separava os nossos lábios, fechou os olhos e eu fechei também… Mas o meu telemóvel interrompeu o momento que nos unia e disse:

-É melhor ires atender pode ser importante… - Disse ainda com os olhos fechados.

-Mas eu quero beijar-te. – Disse olhando-me olhos nos olhos, com aquela proximidade ficava ainda mais deliciada com ele.

-Eu também muito. – Dei-lhe um beijo rápido na bochecha. – Mas pode ser importante e pode ser o teu pai.

-Sim tens razão. – Fomos até á areia e ele tirou o telemóvel do bolso do casaco e atendeu. Era mesmo importante, era o seu pai que queria falar com ele. E não conseguimos mesmo beijar-nos nem nesse dia nem em mais nenhum. Mas o desejo ainda vive em mim.

(Fim de recordação)

-Sim. Houve algumas coisas que ficaste por fazer há dois meses. – Disse eu.

-O quê? – Perguntou ele.

-Disseste que me querias beijar mas nunca o fizeste. Será que agora ainda queres? – Não sabia se ele ainda sentia o mesmo, ou melhor se o fazia “mexer” como antes por isso fui direta.

-Quero! Será que desta vez algo nos irá interromper? – Cada vez que estávamos quase a beijar-nos algo nos interrompia, eram milhões de coisas, por vezes até uma fã o fazia, ou houve uma vez que até uma pomba nos interrompeu.

-Desta vez nada nos interrompe. Prometo! E mesmo se tentarem eu não vos deixar que isso aconteça, prometo! Mas desta vez as coisas serão um pouco diferentes… - Não iria falar-lhe da gravidez mas de uma forma ou outra tinha que a abordar.

-O que me estás a esconder? – Perguntou curioso.

-Ainda não te posso dizer. Mas existe duas coisas na minha vida que precisas de saber, mas não é por enquanto…

-Ás 20h á porta da tua casa pode ser? Quem paga o jantar sou eu. – Disse ele.

-Está combinado! Até logo então. Beijinhos adoro-te oh chato.

-Beijinhos até logo, adoro-te minha gorda. – Era a forma carinhosa como me tratava, mal sabia ele que dentro de meses seria mesmo gorda, com uma bola a fazer de barriga.           

#Fim de Chamada#                         

Mal desliguei a chamada fui até casa, estava vazia mais uma vez… Ou a minha mãe estava a trabalhar ou estava a pensar na vida noutro sítio qualquer, apesar de sermos unidas desde o aparecimento do Ezequiel e consequentemente da gravidez separamo-nos. Fiz questão de apresentar o João há minha mãe, mas enquanto amigo, porque enquanto jogador ela não conhecia, sim, porque a minha mãe nunca entrou na Luz, um dia aventuro-a e vamos lá os 3, sim porque irei á Luz enquanto estiver grávida farei questão que o pequeno vá assistir ao pai a jogar de águia ao peito.
Pousei a ecografia em cima da cama e fui tomar banho, tentei não me demorar porque não faltava muito tempo para as sete horas, e não queria cruzar-me com a minha mãe em casa. Vesti uma roupa de Inverno porque o frio se fazia sentir.


Não sabia onde ia jantar com ele, queria apenas a sua companhia, talvez me sinta carente, sinceramente não sei mas eu quero estar com ele. Talvez seja finalmente nos beijamos sem nada a interromper-nos, mas não quero dizer-lhe já da minha gravidez. Aliás vou apenas dizer-lhe se atingir os 3 meses de gestação.
Ainda faltava um pouco para as 19h quando oiço o telemóvel tocar, era o João. Sabia que já estava á minha espera na entrada do prédio por isso despachei-me, ou melhor tentar aprontar-me o mais rapidamente possível e isso simbolizava demorar ainda um tempo… Desci e já estava estacionado á porta de casa, não sei como mas ele arranjou lugar, algo que é sempre escasso, teve sorte. Entrei para o lugar do pendura e ele sorriu logo, demos dois beijos mesmo no cantinho dos lábios e disse:

-Olá chato! Como estás?

-Olá gorda! Estou mais ou menos. Nunca estarei tão bem como antes por causa da minha mãe… Sabes o que aconteceu?

-Sei. Só não estive contigo porque sabes que não sei lidar bem com mortes principalmente nesta altura. Desculpa.

-Sim e estou contigo não quero falar de coisas tristes. Já recuperei e entendi bem o porquê de não teres dito nada. O mesmo acontecia se fosse comigo… Que fase da vida é que estás a passar oh porca?

-Daqui a mês e meio digo-te. Por enquanto não posso… Não te quero por no meio desta confusão. E prefiro assim senão te importares. – Disse baixando a cabeça.

-Na boa feia. Então vamos falar de coisas alegres que bem precisamos! Sabes onde vamos jantar?

-Se fosse eu a pagar jantavas em casa ou no Mc Donalds porque é o mais baratinho. Mas não sou adivinha por isso diz que estou curiosa.

-Vamos jantar a minha casa tosca. Mas vamos fazer o jantar que não tive tempo…

-Tiveste foi preguiça. Quem não conhece que te compre.

-A gorda tem muita piada. Mas fica sabendo que estive a preparar uma surpresa para ti.

-Vindo de ti até tenho medo!

-Até tenho medo! Mas confio em ti! E já sabes o que vai ser o jantar?

-Sim, quer dizer já pensei nalgumas coisas… E já guardei o número dos bombeiros para o caso de alguma emergência!

-Se houver algum acidente será por tua casa porque eu sei cozinhar e muito bem! – Sorrimos.
O telemóvel começou a tocar e fomos obrigados a interromper a conversa. Aquela música era bonita, era perfeita, já perdi as vezes em que a ouvi e me deliciei, me perdi a pensar nela, que “adormeci” mentalmente ao som dela, não só por causa do Ezequiel, como por causa do João e do meu filho.



Would you let me see beneath your beautiful
Would you let me see beneath your perfect
Take it off now girl, take it off now girl
I wanna see inside
Would you let me see beneath your beautiful tonight


Olhei para o ecrã do telemóvel e era a minha mãe, pela primeira vez pus-me no lugar dela e pensei: “Será que eu gostava que o meu filho não atendesse as chamadas durante tanto tempo?” O mais certo era ficar preocupada, cansada, esgotada, triste e desiludida, toda aquela carga de emoções típicas de uma grávida e de uma mãe. Embora eu não acredite muito nesta gravidez devido á perca do Rodrigo aos 4 meses de gestação, prefiro cuidar dele, foi um erro ter engravidado, não foi pensado nem desejado, mas se aconteceu por alguma razão foi. Será uma nova oportunidade de Deus? Não sei! Quero apenas ser feliz, e estar grávida, neste momento deixa-me feliz. Atendi a chamada e falei:

-Sim mãe. – Disse em tom aborrecido. Não queria falar com ela, queria apenas divertir-me com o João, estar com ele e aproveitar. Esquecer os meus problemas durante uns minutos, todos estes envolvendo as 3 palavrinhas: Ezequiel Marcelo Garay.

-Não vou discutir contigo. Quero apenas pedir-te uma justificação tua.

-Diz. – Não sabia o que a minha mãe queria ao certo e preocupava-me.

-Encontrei uma ecografia em cima da tua cama, e não é do Rodrigo porque a data é recente. Por isso quero falar contigo sobre isso… Mas prefiro não o fazer por chamada.

-Vou jantar e ficar um tempo com o João e depois vou para casa e falamos melhor.

-É melhor. Diz-me apenas uma coisa, é tua Raquel? – O seu tom de voz era sincero e humilde, por segundos senti pena da minha mãe, secalhar devia dar-lhe mais valor.

-Falamos quando chegar a casa.

-Não te demores. Beijinhos.

-Beijinhos. – Dissemos e desligamos a chamada.

O João estacionou o carro e saímos de lá em direção a casa dele, mas estava frio por isso aproximei-me dele enquanto subíamos as escadas até casa dele. Ele cruzou as nossas mãos e trocamos um olhar e um sorriso cúmplices. Não sabia o que fazer nem sentir, íamos estar os dois sozinhos em casa dele, ambos carentes e com inúmeras ligações, a minha mãe também queria falar comigo e eu não sabia o que fazer em relação ao bebé.
Como irá correr o jantar com João? Será que vão ceder á tentação?
Como irá correr a conversa com a mãe dela?